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Displaying Category 'Jesus no Presépio'

4

dez

Procurou Maria, encontrou Jesus

Posted by Arautos do Evangelho
Filed under Jesus no Presépio
 

Um olhar da Virgem Santíssima inunda de alegria um pastorzinho inocente, na Gruta de Belém. A ambição das riquezas apaga nele a lembrança dessa inefável graça. A caminho do Calvário, 33 anos depois, a Mãe de Misericórdia fita-o novamente…

Lamartine de Hollanda Cavalcanti Neto

Nos arredores de Belém de Judá, morava um inocente menino hebreu, filho de pastores. Seus pais chamaram-no Sear Jasub em homenagem ao significado profético do nome de um dos filhos do profeta Isaías: “o resíduo que voltará”.

Uma noite, Sear estava no campo com seu pai e outros pastores.

Acordou sob efeito de uma encantadora luz. Saiu da tenda e viu todos contemplando maravilhados um coro de anjos luminosos que cantavam: “Glória a Deus nas alturas, e paz na terra aos homens de boa vontade”. Cessada a aparição, seguiu com os pastores para Belém. Não entendia o que se passava, mas sentia na alma uma imensa alegria.

Chegando à cidade, encontraram uma gruta intensamente iluminada.

Um menino de celestial beleza estava deitado numa manjedoura, envolto em panos. A se lado, uma senhora muito jovem, de rosto resplandecente. Ela olhou e sorriu para Sear, gravando-lhe na alma esta promessa: “Meu filho, tudo isto um dia retornará para você”.

Impossível descrever a paz e o gáudio SAGRADA FAMILIA - NASCIMENTOdo inocente pastorzinho!

Esqueceu o que nunca deveria esquecer!

Sear Jasub cresceu. Foi trabalhar com um tio, dono de uma banca de câmbio nos átrios do Templo de Jerusalém.

Ainda jovem e cheio de fé, freqüentava a escola de Gamaliel, entusiasmou-se com João Batista e foi um dos primeiros a receber seu batismo.

Mas… passaram-se os anos e a preocupação dos negócios amorteceu em sua alma a recordação daquele olhar e daquele sorriso.

Com ajuda de alguns fariseus, conseguiu estabelecer sua própria banca.

Relacionou-se também com os saduceus, e casou-se com uma contra-parente de Caifás.
Só uma coisa empanava esse horizonte promissor. Eram as notícias de que um novo e controvertido profeta começava a ameaçar a hegemonia dos fariseus e saduceus, seus amigos.

Entre a admiração e o ódio

Um dia apareceu no Templo um homem seguido por alguns rudes pescadores. Tomando uma corda, fez um açoite e pôs-se a expulsar vendilhões e animais. Quando Sear viu suas mesas derrubadas e suas preciosas moedas espalhadas pelo chão, precipitou-se encolerizado sobre o homem. Fitando, porém, seu rosto, tomou-se de pavor.

Parecia-lhe ver de novo aquele menino da manjedoura, cercado de anjos. Fugiu desconcertado.

Informando-se depois, descobriu que esse homem era o próprio Nazareno.

Sentiu-se perturbado. Queria odiá-lo, mas era propenso a admirá- lo. Suas obras eram portentosas, embora os fariseus garantissem tratar-se de um possesso.

A dúvida crescia no espírito de Sear Jasub. Decidiu abafar a voz da consciência, assumindo uma atitude de Natal - Cascais - bneutralidade. Cuidaria apenas de seus interesses pessoais.

Se o Galileu fosse mesmo o Messias, tanto melhor, pois viria o Reino e isso só lhe traria vantagens.

Se não fosse, tudo se desfaria, inclusive aquela sensação de remorso que lhe corroia a alma.

O reencontro

Passaram-se os meses. Numa sexta-feira pela manhã, recebeu uma convocação de Caifás. O “blasfemador” estava preso e seria julgado.

Sear afligiu-se. Mandou dizer que estava de viagem. Como já era seu costume, recorreu ao vinho para acalmar-se e foi passear fora da cidade.

Próximo ao campo do oleiro, viu passar um homem correndo alucinado em direção a umas figueiras próximas, com uma corda na mão.

Era um antigo conhecido seu, chamado Judas.

No caminho de volta à casa, ouviu uma gritaria. Numa curva pouco adiante, surgiram três condenados à morte, cercados pelo populacho que vociferava contra um deles.

Estremeceu, adivinhando de quem se tratava. Era um homem coberto de sangue e ferimentos, com uma coroa de espinhos na cabeça e uma pesada cruz às costas.

Sear desviou por um momento o rosto. Quando olhou novamente, notou que ao lado desse condenado seguia uma senhora resplendente de luz e, ao mesmo tempo, carregada de dores. Seria a mãe dele?! Passando por Sear, ela o fitou…

Neste momento, ele lembrou- se! Cintilava nela aquele mesmo olhar materno da senhora que lhe havia sorrido trinta e Natal - Cascais - atrês anos antes, na Gruta de Belém.

À procura de Maria

Tomado por um enlevo indescritível, Sear saiu vagando pelas ruas. No final da madrugada, em meio às brumas, esbarrou num transeunte. Reconheceu-o. Era Pedro, o chefe dos pescadores, que, em prantos, repetia sem cessar: “Preciso encontrar a Senhora!” Aquelas palavras penetraram-lhe fundo na alma. Sentiu, também ele, a mesma necessidade premente: encontrar a mãe do Messias! Claro! Quem, a não ser ela, poderia socorrê-lo? Precisava encontrá- la. Mas… como? E Sear fez algo de que há muito tempo se olvidara: rezou. Javeh não deixaria de atendê-lo, se pedisse por intercessão daquela senhora.

Inocência restaurada

Dito e feito. Passados alguns dias, viu na rua outro discípulo do Crucificado. Chamava-se Tomé e andava depressa. Seguiu-o pelas ruelas estreitas até chegar a uma grande habitação. Abordou-o, confiante, suplicando-lhe que o apresentasse à Senhora. Vendo-o tão movido pela graça, Tomé acedeu.

Sear quase não podia acreditar no que aconteceu então. Sim, era aquela mesma régia Senhora que lhe havia sorrido quando criancinha, que agora lhe falava e o consolava! E restaurava sua inocência primaveril.

Contudo, ele nem imaginava o que ainda estava por acontecer.

Estando as portas fechadas, surgiu um homem chamejante de luz. Em seu flanco, em suas mãos e pés, fulguravam chagas rubras.

Sear o reconheceu. Era o Crucificado.

Ouviu sua voz, viu Tomé pôr a mão numa de suas chagas sagradas.

E creu: o Senhor havia ressuscitado verdadeiramente.

Procurando Maria, ele encontrou também Jesus.

(Revista Arautos do Evangelho, Dez/2003, n. 24, p. 42-43)

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3

dez

Uma grande alegria

Posted by Arautos do Evangelho
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Assim como os pastores encontraram aquele adorável Menino reclinado sobre as palhas do presépio, nós também podemos reencontrá-Lo “reclinado” nos Tabernáculos de todo o mundo.

CLARA ISABEL MORAZZANI ARRAIZ.JPGClara Isabel Morazzani Arráiz

Era noite. Os pastores que apascentavam seus rebanhos tinham acabado de ouvir o anúncio da Boa Nova que o Anjo lhes fizera, e disseram entre si: “Vamos até Belém e vejamos o que se realizou e o que o Senhor nos manifestou” (Lc 2, 15). Partiram então”com grande pressa” (Lc 2, 16) para a gruta, a fim de adorar o Verbo feito carne e servir de testemunhas do grande acontecimento para as épocas futuras.

Docilidade à voz do Anjo

Ao compreenderem o significado da notícia – a chegada do Messias – os pastores haviam sido tomados de um misto de temor reverencial e de consolação, mas não duvidaram sequer um segundo. Bastou a mensagem transmitida pelo uma grande alegria_bceleste embaixador para robustecê-los na fé e confirmar suas esperanças.

Sem dúvida, a luminosa aparição do Anjo veio acompanhada de uma graça especial que os fazia pressentir a grandeza do acontecimento anunciado. Flexíveis à voz do sobrenatural, não manifestaram reservas, não opuseram objeções; pelo contrário, deixaram tudo, abandonando com presteza até mesmo os rebanhos confiados à sua guarda e se dirigiram sem demora em busca do “Recém-nascido, envolto em faixas e posto numa manjedoura” (Lc 2, 12).

Ali, como os Apóstolos que, anos mais tarde, seriam chamados de bem-aventurados pelo Divino Mestre, também eles poderiam ter ouvido dos lábios do Salvador: “Felizes os vossos olhos porque vêem! Ditosos os vossos ouvidos porque ouvem!” (Mt 13, 16).

A humildade dos pastores atraiu o olhar de Deus

Aqueles rudes camponeses foram objeto dessa predileção, por parte da Bondade Divina, muito mais por serem pobres de espírito do que por sua modesta condição social. A virtude da humildade, que os tornava aptos para compreender os mistérios de Deus, sem opor ceticismos arrogantes, atraiu sobre eles os olhares do Altíssimo, da mesma forma como Maria Santíssima, por Sua insuperável despretensão, foi escolhida para ser Mãe do Redentor.

Já em Seu nascimento Jesus mostrava, assim, Seu amor pelos mais pequeninos, por aqueles que, reconhecendo seu nada ou até mesmo sua falência espiritual, põem toda a sua confiança no poder de Deus.

Há quem possa ver nessa atitude de submissão diante de Deus, tão própria aos santos de todos os tempos, uma desprezível manifestação de ignorância ou insuficiência.

Mas essa é a opinião daqueles que o próprio Jesus denominaria como os “sábios e entendidos” (Mt 11, 25) deste mundo e que, por conseguinte, acham-se privados do conhecimento das coisas divinas, por cegarem- se a si mesmos.

A sabedoria verdadeira – esta sim, possuíam-na os pastores -, alcançaraa em altíssimo grau a virginal Senhora que Se inclinava em adoração ante a mísera manjedoura transformada em trono real. Movidos por essa “sabedoria da humildade”, os pastores haviam corrido até o estábulo e contemplavam a Sabedoria em Pessoa, que repousava placidamente sobre as palhas: “Ela apareceu sobre a terra, e habitou entre os homens” (Br 3, 38).

O presépio de Belém e os altares da Igreja

Hoje, de certo modo, se repete a cada dia o mistério de Belém. Dois milênios depois do nascimento de Cristo, as igrejas se encontram multiplicadas pelo mundo, e nos seus Tabernáculos repousa Jesus, verdadeiramente presente, embora oculto sob os véus do Pão Eucarístico, assim como repousou outrora sobre as palhas da manjedoura, envolto nos panos que Maria Santíssima Lhe preparara.

A mesma presteza que admiramos nos pastores deve impelir-nos, também nós, a deixar tudo e correr para o altar, a fim de encontrar o Senhor que descuma grande alegria_ce do Céu. Nos altares da Igreja, obediente à voz do sacerdote, nasce Nosso Senhor Jesus Cristo uma vez mais, fazendo-nos lembrar a maneira como Ele Se apresentou ante os olhares maravilhados da Virgem Mãe, de São José e dos pastores, naquela noite santa.

O Natal não é uma mera recordação histórica

A festa de Natal encerra um significado litúrgico extraordinário: embora o Santo Sacrifício seja oferecido todos os dias nos altares de tantas igrejas espalhadas pelo mundo, ele se reveste de uma unção e densidade simbólicas particulares na noite de 24 para 25 de dezembro.

Não se trata apenas da recordação de fatos históricos envoltos nas brumas do passado, mas de uma realidade mais profunda do que aquela que captamos através dos sentidos. A Liturgia do Natal traz um conjunto de graças vinculadas a esse mistério, as quais se derramam sobre nossos corações quando o celebramos com fervor sincero.

“O ano litúrgico – ensinava o Sumo Pontífice Pio XII – que a piedade da Igreja alimenta e acompanha, não é uma fria e inerte representação de fatos que pertencem ao passado, ou uma simples e nua evocação da realidade de outros tempos. É, antes, o próprio Cristo, que vive sempre na sua Igreja e que prossegue o caminho de imensa misericórdia por Ele iniciado, piedosamente, nesta vida mortal, quando passou fazendo o bem, com o fim de colocar as almas humanas em contato com os Seus mistérios e fazê-las viver por eles, mistérios que estão perenemente presentes e operantes, não de modo incerto e nebuloso, de que falam alguns escritores recentes, mas porque, como nos ensina a doutrina católica e segundo a sentença dos doutores da Igreja, são exemplos ilustres de perfeição cristã e fonte de graça divina pelos méritos e intercessão do Redentor”.1

A Fé em Nosso Senhor, deitado na manjedoura e presente na Eucaristia

Hoje não vemos, como os pastores, o Divino Menino deitado sobre as palhas, mas contemplamo-Lo, com os olhos da Fé, na Hóstia imaculada que o sacerdote apresenta para a adoração dos fiéis; não ouvimos as vozes dos anjos fazendo ecoar o “Glória!” pelas vastidões dos céus, mas chega até nós o apelo da Igreja, convidando seus filhos: “Venite gentes et adorate!”.

Se grande foi a Fé daqueles homens simples ao acreditarem que, naquele pequenino vindo à terra em tal despojamento, e aquecido tão-só pelo bafo dos animais, ocultava-Se o próprio Deus, a nossa Fé poderá alcançar grau mais elevado se considerarmos esse mesmo Deus escondido na Eucaristia. E poderemos, nós também, ser contados entre os homens que o Senhor chamou de bem-aventurados: “Felizes aqueles que crêem sem ter visto!” (Jo 20, 29).

Jesus, a Beleza suprema, vela-Se em vão aos olhos de quem tem Fé: apesar da infância à qual O reduziu seu amor, seu poder se manifesta nesse dia, e só Ele – quer sob a figura de frágil criança, quer sob as espécies eucarísticas – derrota os infernos e resgata a humanidade da vil escravidão do pecado.

Natal: uma “clareira” alegre e luminosa

Quantas graças de alegria e consolação concedidas por ocasião do Natal! A cada ano, em todas as épocas da Era Cristã, esta festa máxima abre uma “clareira” alegre e luminosa no curso normal, por vezes tão cheio de sofrimentos e angústias, da vida de todos os dias. Dominados pelas preocupações concretas ou pela ilusão deste mundo passageiro, os homens esquecem-se facilmente da eternidade que os espera e olham para esta terra como para seu fim último.

Todos se afanam em busca da felicidade; entretanto, só uma é a verdadeira, e o Divino Menino vem para apontar o único caminho que a ela conduz: “Eu sou o Caminho, a Verdade e a Vida” (Jo 14, 6). E nessa noite silenciosa, todos param diante da gruta de Belém, gozando, ainda que por alguns instantes, dessa alegria envolvente, trazida pelo Redentor. “Ali, os maus cessam seus furores, ali, repousam os exaustos de forças, ali, os prisioneiros estão trauma grande alegria_dnqüilos, já não mais ouvem a voz do exator.

Ali, juntos, os pequenos e os grandes se encontram, o escravo ali está livre do jugo do seu senhor” (Jó 3, 17-19).

De onde vem a felicidade que sentimos no Natal?

Prolonguemos esses momentos de alegria vividos aos pés da manjedoura ou em torno do altar. De onde nos vem, ao certo, essa felicidade? Onde a poderemos encontrar? Encarnando-Se, Deus quis fazer- Se um de nós, para tornar essa felicidade ainda mais acessível, mais atraente, mais encantadora. Ao entrar neste mundo, o Divino Infante abre seus braços num gesto que prenuncia Sua missão salvadora e parece exclamar: “Eis que venho. […] Com prazer faço a vossa vontade” (Sl 39, 8-9), manifestando neste ato Sua perfeita obediência ao Pai, selada no Getsêmani: “Faça-se a vossa vontade e não a minha” (Lc 22, 42).

Assim, na esplendorosa noite de Natal inicia-se o grande mistério da Redenção, em sua dupla perspectiva: é o perdão concedido ao homem réu, manchado pela culpa de Adão e por suas más ações; e também a elevação desse mesmo homem à ordem sobrenatural, convidando-o a participar da Família Divina, pelo dom da graça.

Nessa adorável Criança vemos nossa pobre natureza galgar alturas inimagináveis, às quais seria incapaz de subir por suas próprias forças, e entrar na intimidade do Deus inacessível e infinito.

Celebramos a nossa própria deificação

O santo Papa Leão Magno, em seu célebre sermão sobre o Natal, mostrou, com palavras inspiradas, essa alegria universal que nos traz o nascimento de Cristo: “Ninguém está excluído da participação nesta felicidade. A causa da alegria é comum a todos, porque Nosso Senhor, vencedor do pecado e da morte, não tendo encontrado ninguém isento de culpa, veio libertar a todos.

Exulte o justo, porque se aproxima da vitória; rejubile o pecador, porque lhe é oferecido o perdão; reanime-se o pagão, porque é chamado à vida”.2 No Redentor, reclinado no presépio, vemos nossa humanidade, reconhecemos nEle um Irmão, “em tudo semelhante a nós, exceto no pecado” (Hb 4, 15); nos pastores, e em todos aqueles que circundam a manjedoura ou o altar, admiramos uma luz, de fulgor até então desconhecido, que brilha, expulsando as trevas da maldição do pecado no qual estavam envoltos.uma grande alegria_a

“Oh admirável intercâmbio! O Criador do gênero humano, assumindo corpo e alma, quis nascer de uma Virgem; e, tornando-Se homem sem intervenção do homem, nos doou sua própria divindade!”.3 Celebramos, pois, no Natal, a nossa própria deificação.

É preciso retribuir todo esse amor

Quem não corresponderá com amor ao próprio Amor em Pessoa? Quem, remido, não se ajoelhará em adoração ante a fragilidade de um Redentor que Se faz pequeno para engrandecer os homens? Também nós, resta-nos retribuir esse mesmo amor ao Pequeno Rei que hoje Se nos entrega no mistério do altar.

O amor torna o amante semelhante ao amado, afirma o grande místico São João da Cruz. Para consolidar essa união é necessário, entretanto, que Um desça até o outro pela ternura, ou que o segundo suba até o Primeiro pela veneração. Jesus já desceu até nós pela compaixão, pelo afeto, pela ternura…

Subamos até Ele, ou melhor, peçamos, por intercessão de sua Mãe Santíssima, que Ele mesmo nos faça subir. Bem junto ao altar, entoando com os lábios o “Venite gentes et adorate” da Liturgia, cantemos com o coração nossa entrega sem reservas ao Menino Salvador.

1 Pio XII, Mediator Dei, n. 150.
2 Sermo 1 in Nativitate Domini.
3 Liturgia das Horas. Antífona da Solenidade de Santa Maria, Mãe de Deus, I Vésperas.

(Revista Arautos do Evangelho, Dez/2008, n. 84, p. 20 a 23)

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3

dez

O Todo-Poderoso fez-se todo-debilidade

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O Império Romano havia atingido um auge de progresso, mas também se afundara num abismo de decadência moral. E o mundo civilizado não encontrava solução para seus problemas. Um frágil Menino veio trazer a luz à terra.

CLARA ISABEL MORAZZANI ARRAIZClara Isabel Morazzani

Muito se tem falado da grandeza e do esplendor da antiga Roma… e não sem razão. Basta fazer uma rápida visita à Cidade Eterna, percorrer os foros, admirar as gigantescas ruínas das Termas de Caracalla, contemplar por alguns momentos o Coliseu ou parar diante do famoso Pantheon, cujas proporções arquitetônicas deixam extasiados os especialistas modernos, para dar-se conta dos inúmeros dons de inteligência e organização com os quais foi aquinhoado o povo romano. Soube ele fazer uso de suas capacidades naturais. Unindo ao espírito empreendedor uma rara subtileza, impôs-se às outras nações, quase todas afundadas na completa barbárie, e instalou uma civilização a seu modo: floresceram o cultivo dos campos e a criação de rebanhos, surgiram as construções sólidas, as cidades populosas, as estradas seguras. A pax romana estendeu- se por toda parte, até os extremos limites do Império. Olhando para o caminho percorrido, os romanos podiam sentir uma compreensível ufania por ter atingido um auge de cultura, riqueza e poder.

O egoísmo era a lei que regia as ações do homem

Contudo, a realidade desse quadro – pintado por alguns entusiastas como Sêneca, Plinio e Plutarco – aparece- nos bem diferente ao considerarmos, em seus detalhes, a decadência social e moral do mundo romano de então. Por debaixo de todos aqueles esplendores latejava uma profunda miséria. Roma tornara-se, não a rainha, mas a tirana da humanidade.ruinas imperio romano
Em toda parte acentuava-se o contraste entre a riqueza e a indigência, bem como o domínio despótico do forte sobre o fraco. O egoísmo era a lei que regia as ações do homem.

Por outro lado, uma imensa corrupção dos costumes se alastrava por todo o território dos césares. A existência dos cidadãos livres decorria numa ociosidade propícia a todos os vícios, na procura desordenada do luxo e dos prazeres. As crônicas da época nos descrevem algumas das diversões que tanto atraíam as turbas: orgias, corridas, lutas de gladiadores, comédias. O que mais agradava àquele povo embrutecido era ver correr o sangue humano; com freqüência, ele se mostrava exigente com os imperadores, se o espetáculo não era suficientemente sanguinário para causar-lhe o delírio.

Para compreender o estado de degradação e imoralidade em que soçobrava a sociedade antiga, basta lembrar a epístola de São Paulo aos romanos, na qual o Apóstolo recrimina os escândalos e abusos aos quais eles chegaram, por não terem procurado chegar a Deus através das criaturas.

Todos buscavam a felicidade onde ela não podia ser encontrada

Esta situação criava na Ásia, na África e na Europa uma atmosfera irrespirável. Tudo quanto os homens haviam desejado e conquistado deixava- lhes na alma um terrível vazio e até um pavoroso tormento. Nada conseguia acalmar seus apetites desregrados; corriam atrás da felicidade, mas buscavam-na onde ela não se encontrava e ao julgar havê-la achado, constatavam que ela não podia saciá-los. Todos sentiam pairar uma grande crise que ameaçava terminar numa ruína inevitável. Assim, o quadro das nações aparecia mergulhado em densas trevas e a História estava, por assim dizer, parada na muda expectativa de uma solução para tantos problemas.

Não faltavam, entretanto, almas boas que manifestavam sua inconformidade ante todos esses desvarios e conservavam uma vaga reminiscência da promessa, transmitida por Adão e Eva ao saírem do Paraíso, da chegada de um Salvador.

De onde poderia vir esse Esperado das nações? Acaso seria um sábio ou um potentado? Ou um príncipe, um general dotado de poder e força extraordinárias, capaz de dominar sobre toda a humanidade? Todos os olhos estavam ansiosamente à procura de alguém do qual pudesse vir o socorro…

O reino da graça, da bondade e da misericórdia

E eis que Deus, confundindo a sabedoria e a ciência deste mundo, mostrou-Se aos homens da forma como estes menos MENINO JESUS - PRESEPIOpodiam imaginar: um bebê tenro, frágil, comunicativo, deitado sobre as palhas de uma manjedoura, sorrindo!

Ali, no fundo de um estábulo, na humilde cidade de Belém, está reclinada a Segunda Pessoa da Santíssima Trindade, feita Menino para Se colocar à nossa altura e à nossa disposição. Ele não vem convocar soldados, nem impor jugos, nem exigir tributos; não Se manifesta sob os fulgores da justiça punitiva que se revelara no Antigo Testamento. Pelo contrário, esse Deus todo-poderoso faz-se todo-debilidade, a marca da realeza repousa agora sobre os ombros de um encantador Recém-Nascido que abre graciosamente os braços e parece dizer, por entre seus infantis vagidos, o que mais tarde anunciará a todas as gerações: “Eu não vim chamar os justos, mas os pecadores” (Mt 9, 13). Sim, é um reino que Ele vem implantar, mas este será o reino da graça, da bondade e da misericórdia.

Oh! que a humanidade inteira, cansada e sobrecarregada pelo peso de seus pecados, venha prostrar-se diante desse esplêndido presépio no qual se encontra não só o feno dos animais, mas também o alimento dos Anjos! Que o homem velho se despoje das ações das trevas e corra para adorar, enternecido, a Divina Criança que lhe traz a luz!

No meio da noite escura e fria, um mundo novo começa a surgir em torno da sagrada gruta onde vela José abismado em profundo respeito, ora Maria em maternal contemplação e dorme o Menino em paz celestial…

(Revista Arautos do Evangelho, Dez/2006, n. 60, p. 20-21)

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3

dez

Que estranha aquela noite!

Posted by Arautos do Evangelho
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Revelando profundo estro poético, Dom Lucio Renna canta os sublimes mistérios e alegrias daquela noite santa quando Deus Filho nasceu neste mundo, tornando-Se nosso irmão.

D LUCIO RENNADom Lucio Angelo Renna, O.Carm.
Bispo de Avezzano (Itália)

Que estranha aquela noite! Após uma jornada cheia de acontecimentos, de gritos, de cantos, de orações, de encontros entre pessoas provenientes de diversos países para serem recenseadas, após um barulho ensurdecedor, ruídos ininterruptos e insuportáveis, após tantas e tantas coisas que a mais ardente fantasia nunca conseguiria imaginar, após tudo isso um estranho silêncio, profundo, arcano, misterioso.

Parecia que o universo parara, que as criaturas de repente decidiram calar-se. Era como se a respiração do mundo criado cessasse, voluntária e obstinadamente.

Que estranha aquela noite, cheia de fascínio, de magia, de expectativa, de mistério! Nenhum balir de ovelha, nenhuma voz de homem, de mulher ou de criança, nenhum sinal de vida: parecia que um torpor universal

Que estranha aquela noite! Após uma jornada cheia de acontecimentos, de gritos, de cantos, de orações, de encontros entre pessoas provenientes de diversos países para serem recenseadas, após um barulho ensurdecedor, ruídos ininterruptos e insuportáveis, após tantas e tantas coisas que a mais ardente fantasia nunca conseguiria imaginar, após tudo isso um estranho silêncio, profundo, arcano, misterioso.

Que estranha aquela noite na qual o Filho de Deus nasceu, pobre entre os mais pobres, em tudo semelhante aos homens, exceto no pecado! No calor, na cor, nos cânticos, no gáudio imenso daquela estranha noite não foram poucos os que notaram sobre a manjedoura a sombra – inicialmente escura e depois cada vez mais luminosa – de uma cruz.

Parecia que o universo parara, que as criaturas de repente decidiram calar-se. Era como se a respiração do mundo criado cessasse, voluntária e obstinadamente.

Que estranha aquela noite, cheia de fascínio, de magia, de expectativa, de mistério! Nenhum balir de ovelha, nenhuma voz de homem, de mulher ou de criança, nenhum sinal de vida: parecia que um torpor universal pesava sobre asPRESEPIO_B coisas, as plantas, os animais, as pessoas. Aqui e ali se podia perceber alguma janela fracamente iluminada.

No céu brilhavam, silenciosas, muitas e muitas estrelas. Nos casebres dos pobres, as crianças estranhamente não choravam. Nos suntuosos palácios dos poderosos, não se ouviam sons, cantos, danças: pareciam envolvidos por uma austera e severa capa de silêncio, como nunca nenhum israelita podia ter memória.

“O que está para acontecer?” – perguntava-se um ou outro, espiando curioso e ansioso pela fresta da porta de sua casa.

“É estranho, estranho, estranho!” – sentenciava o velho sábio, rodeado de meninos e meninas desejosos de saber sobre os Vaticinadores, os Profetas, os Patriarcas, o Messias que nunca chegava, apesar de sua secular invocação: Maranatha, maranatha.

Tudo, em suma, parecia ter-se fechado e adormecido por encanto. E como que para não perturbar o silêncio, o velho sábio, naquela noite, falava brandamente, muito brandamente.

Que estranha aquela noite: quase ninguém conseguia adormecer!

Intuía-se um acontecimento. Mas qual? O que estava para acontecer? Onde? Tais perguntas esvoaçavam delicadamente no ar e nos corações de todos, ao longo daquela estranha noite.

Os sacerdotes do Templo rezavam com o coração, porque também eles temiam perturbar, salmodiando, o silêncio daquela estranha noite. Se algum deles, cansado, inclinava sonolento a cabeça, era de súbito sacudido por uma força misteriosa. Todos estavam em ansiosa espera, mas ninguém sabia do que ou de quem.

Que estranha aquela noite!

Depois, como chegando de um longo, interminável caminho de séculos, todos perceberam, claro, distinto, o choro de um recém-nascido.

Como ao aceno de invisível maestro, explode a sinfonia do universo! Entrelaçam-se vozes de anjos, de homens, de animais. Até as árvores da floresta se unem, com os cetáceos e os peixes, àquele canto que não se podia saber bem se descia do céu ou para lá subia.

Somente após o primeiro momento de maravilhamento, de admiração e de júbilo universal, todos compreenderam que os anjos do Céu queriam cantar em coro com todas as criaturas, com o universo criado. Cantavam as surpresas e maravilhas do Senhor, o qual, naquela estranha noite, tinha dado à humanidade o seu Filho Unigênito, nascido da Virgem Maria numa obscura aldeia da Palestina de belíssimo nome: Belém, casa do pão.

Nascera o Esperado prometido e todos estavam convidados a encontrar- se com Ele. Pedia-se tão-só a simplicidade e a pureza da mente e do coração para contemplar, no menininho da manjedoura, o Messias.

Naquela estranha noite ouviam-se apenas cantos de alegria.

Ninguém implorava mais: maranatha. Todos sabiam que o Verbo tinha-Se tornado o Emanuel; que Deus, tinha descido do Céu à nossa terra; que doravante todos os acontecimentos da História seriam datados de antes ou depois do inaudito evento do nascimento de Cristo.

O mundo parecia estupefato, percorrido por grande alegria, inundado por grande luz. Nunca as estrelas, brilhantes e belas, tinham sido vistas tão resplendentes; a mais luminosa foi chamar os magos do Oriente.

Naquela estranha noite, de vários pontos da Palestina, puseram-se a caminho diversos grupos, em geral de pastores, todos caminhando para uma gruta da qual se irradiava o esplendor de inefável luz. Os corações simples ouviam o canto dos anjos, que louvavam a Deus e auguravam paz aos homens de boa vontade.

Os sacerdotes do Templo, perpassados por um arrepio interior, compreendiam que estava para se iniciar a era nova da História. Os velhos sábios empurravam as crianças, os jovens e os adultos para Belém. Alguns deles, mais anciãos e cansados que os outros, ficavam em seus casebres, tristes por não terem a força física para se unirem aos peregrinos. Todos os outros entravam na fila felizes, sem sentir cansaço algum no caminho para Belém.

Os jovens cantavam e dançavam como nunca o haviam feito, porque vibravam de uma alegria indizível, profunda, ao aproximar-se da meta de todos naquela estranha noite.

NATIVIDADE_1Um ou outro, desconfiado e invejoso, resistia à força misteriosa e, em sua casa, nutria em si sentimentos tenebrosos e contestatários que lhe impediam de participar da alegria do universo, considerando em risco sua própria situação social e econômica.

Dos grandes abrigos de caravanas partiam também muitos senhores com seus camelos, dromedários, cavalos e modestas mulas, seguindo a estrada iluminada pelas estrelas naquela estranha noite que resplandecia como sol em pleno dia.

Na gruta, Maria de Nazaré, a Virgem- Mãe, contemplava extasiada aquele delicado bebê no qual adorava seu Deus. Seus olhos estavam fixos nos d’Ele. Falavam- se, Mãe e Filho, na silenciosa linguagem do amor. Ela, a filha de Sião, tinha nos olhos a ansiedade, a alegria, a gratidão, a esperança do povo de Javé, acumuladas no decurso dos séculos.

Por meio de seu olhar parecia que se dirigiam para a manjedoura os olhares de inumeráveis pessoas, de todas as idades e classes sociais, que tinham implorado, suplicado, espreitado a vinda do Esperado. Em Maria, todos tinham a resposta da parte de Deus: nasceu Jesus! O Menino, movendo as perninhas, chorando, sorrindo assegurava à Mãe: eis-Me aqui, estou contigo, estou convosco.

Também José contemplava e entrevia, com os olhos da fé, na penúria da gruta, o dom inefável, imenso, infinito de Deus. E rezava, enquanto, com gestos afetuosos e desajeitados, prestava ajuda a Maria!

A gruta, nesse ínterim, tornava-se tão grande quanto o mundo. Muitos e ainda muitos outros aí chegavam, cantando: “Descestes das estrelas, ó rei do Céu”; e ofereciam toda espécie de presentes.

No cruzamento das traves, sobre aquela manjedoura, vagia, sorria, chorava o Menino Jesus. Que estranha aquela noite que, fazendo uma reviravolta na História da humanidade, deu início à era da salvação!

(Publicado originalmente no livro “Confidenzialmente a Maria”, com o título “Che strana quella notte”.)
(Revista Arautos do Evangelho, Dez/2005, n. 48, p. 36-37)

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dez

Adorando Jesus no Presépio

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PRESEPIO_1
Bem junto ao Presépio, adorando o Menino Jesus, em companhia de Maria e José,
encontramos a solução para a febricitação que se instalou na Humanidade após o pecado  original. O homem passou a sentir um incontrolável anseio de ser igual a Deus: “Sereis como deuses” (Gn 3, 5). Aí está o Deus-Menino que Se fez igual a nós  para podermos ser iguais  a Deus. Veio disposto a dar sua própria vida até a última gota de sangue, e assim elevar às alturas da divindade a nossa natureza decaída.
Por Ele, com Ele e n’Ele, abriu-se para nós a
possibilidade de participar da divindade. De joelhos, ao Menino roguemos neste Santo Natal, pela poderosa  intercessão de Maria e José, as melhores graças para alcançar a plenitude  da santidade e nos fazermos,  assim, seus irmãos por adoção,  na mesma divina natureza

Presépio da Igreja de San Benedetto in Piscinula, Roma

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dez

Ele veio para todos…

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Sábios e iletrados, ricos e pobres, reis e pastores têm seu lugar de dileção aos pés do Menino Jesus.

Clara Maria Morazzani

Quem se aproxima, em espírito, da manjedoura na Gruta de Belém, encontra um Menino tenro, mas cheio de vida e de luz. Contemplando-O com os olhos da fé, fica-se abismado ao considerar que ali está o próprio Deus feito homem. Sim, esse mesmo Menino mais tarde estará curando leprosos, devolvendo a vista a cegos, fazendo andar paralíticos, ressuscitando mortos ou acalmando tempestades. No final de sua vida, Ele será desprezado pelas multidões, injuriado, flagelado e pregado numa cruz. Mas ressuscitará ao terceiro dia de forma gloriosa, subirá aos céus e se sentará à direita Menino Jesus_1do Pai como rei triunfante supremo. É assim que Ele deverá vir, pela segunda vez, no dia do Juízo Final, para julgar os vivos e os mortos.

Veio para os pobres…

Em sua primeira vinda, quis Jesus manifestar-Se aos homens revestido de nossa fraqueza, como débil e indefesa criança, padecendo fome, sede, frio e em tudo se assemelhando à nossa humana condição.

Junto ao presépio, encontraremos os pastores. Homens rudes e humildes, ocupados apenas na guarda noturna de seus rebanhos, viram-se, de repente, circundados por uma claridade divina que os encheu de grande temor. Mas logo, animados pelas tranqüilizadoras palavras do anjo, correram para aquela feliz gruta onde, com grande reverência, aproximaram-se para adorar o Menino envolto em pobres panos e reclinado sobre míseras palhas.

… e para os ricos

Erroneamente, porém, poderia alguém pensar ter Ele vindo só para os simples pastores e as pessoas menos abastadas. Para desfazer essa idéia por demais simplificada e unilateral, bastaria permanecer mais alguns dias junto ao Menino e ser surpreendido por um séqüito real cheio de cores, pompa e majestade.

De onde procedia aquela longa, misteriosa e rica caravana, composta de guerreiros fortes e audazes, de pajens vestidos de seda, avançando ao som de trombetas e ao rufar compassado dos tambores? O que significava essa “inundação de camelos e dromedários” (Is 60, 6) carregados de riquezas, previstos com tanta antecedência pelo profeta Isaías? Quem seriam esses três soberanos à procura do “Rei dos judeus que acabava de nascer”? (Mt 2, 2).

Chamavam-se Melquior, Gaspar e Baltazar e, segundo a tradição, representavam as três raças da família humana. O Evangelho nos conta serem eles provenientes do longínquo e enigmático Oriente, tendo viajado até a Judéia guiados por uma estrela.

E aqui nos aparece o primeiro traço do extraordinário chamado que lhes foi feito. Aos pastores se manifesta visivelmente um anjo de luz, revelando por palavras a grande alegria do nascimento do Salvador. Àqueles reis, porém, essa mesma notícia é comunicada pelo aparecimento de uma maravilhosa estrela acompanhada de uma voz interior a tocar suas almas. Assim no-lo explica São Tomás, citando o grande Papa Leão: “Além da imagem que estimulou o olhar corporal, o raio ainda mais luminoso da verdade instruiu até o fundo os seus corações no que concernia à iluminação da fé” (1).

Fé levada até o heroísmo

Bem se poderia aplicar neste caso o famoso ditado francês: noblesse oblige (a nobreza impõe obrigações). Daqueles Magos, até então mergulhados nas trevas do pPresepio 12_aaganismo, a Providência exigiu um heroísmo de fé que não foi pedido aos pastores, herdeiros das promessas messiânicas do povo eleito. Quanto drama havia naquela viagem! Alertados pelo súbito fulgor de uma estrela, os Reis Magos abandonam sem hesitação a calma e o conforto de seus palácios para lançar-se em longa viagem cheia de fadigas e perigos, através de desertos e montanhas…

E tanto esforço, para quê? Para ir prostrar-se em adoração diante de um menino recém-nascido! A extrema pobreza na qual Se lhes apresentou Aquele a quem buscavam com santo afã, em nada abalou a sobrenatural certeza vincada em seus corações, de ser Ele o Rei dos reis. Afirma o Doutor Angélico: “Deve-se dizer como Crisóstomo diz: ‘Se os Magos tivessem vindo procurar um rei terrestre, teriam ficado decepcionados, por terem enfrentado sem motivo as dificuldades de um caminho tão longo’. E assim, nem O teriam adorado, nem Lhe teriam oferecido presentes. ‘Mas, porque procuravam o Rei do Céu, mesmo não vendo n’Ele nada da majestade real, O adoraram satisfeitos unicamente com o testemunho da estrela’. Viram um homem e nele reconheceram Deus. E ofereceram presentes adequados à dignidade de Cristo: ‘Ouro, como a um grande rei; incenso, utilizado nos sacrifícios divinos, como a Deus; e mirra, com a qual são embalsamados os corpos dos mortos, indicando que iria morrer pela salvação de todos'” (2).

Deste modo, os três Reis nos ensinaram quais os presentes mais agradáveis ao Menino-Deus, por ocasião da festa da Epifania: o ouro fino e puro das boas obras, praticadas com desinteresse e pureza de intenção; o incenso perfumado das orações feitas com sincera piedade e devoção; e a mirra dos sofrimentos e sacrifícios suportados ao longo de nossa vida com verdadeiro amor e alegre resignação.

Jesus está à espera de todos nós

Apresentemos, então, com os Magos, nossas modestas ofertas aos pés do berço onde dorme sereno o pequeno Rei vindo para nos redimir. Ele está à espera de todos nós, de todos os homens de boa vontade que queiram seguir seus passos. Esta é a lição que nos deu já no começo de sua existência terrena: “A salvação que Cristo iria trazer concernia a todo tipo de homens, pois, como diz a Carta aos Colossenses: ‘Em Cristo não há mais homem e mulher, grego e judeu, escravo e homem livre’, e assim quanto às outras diferenças. E para que isto estivesse prefigurado no próprio nascimento de Cristo, Ele se manifestou a homens de todas as condições. Pois, como diz Agostinho: ‘Os pastores eram israelitas, os magos pagãos; aqueles estavam perto, estes longe; uns e outros se encontraram na pedra angular’. Havia ainda entre eles outro tipo de diversidade: Os magos eram sábios e poderosos, os pastores, ignorantes e de condição humilde” (3).

nascimento de Jesus
E São Leão Magno exclama: “Que todos os povos representados pelos três Magos adorem o Criador do universo; e Deus não seja conhecido apenas na Judéia mas no mundo inteiro, a fim de que por toda parte ‘o seu nome seja grande em Israel!’ (Sl 75, 2)” (4).

Se contemplarmos Jesus com olhar admirativo e cheio de fé, veremos que esse é o Menino dos contrários harmônicos. Ele veio para todos: pobres humildes, reis majestosos. Ele está à disposição de toda e qualquer classe social, de toda e qualquer cultura, de toda e qualquer raça. Ele veio para salvar a todos.

1) Suma Teológica III, q. 36, a. 5.
2) Idem, III, q. 36, a. 8.
3) Idem, III, q. 36, a. 3.
4) São Leão Magno, Sermo 3 in Epiphania Domini.

(Revista Arautos do Evangelho, Janeiro/2006, n. 49, p. 38-39)

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O doce Menino Jesus de Belém

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Uma pequenina imagem encontrada na rocha passa a exercer grande atração sobre o povo fiel.

Javier Pérez Beltrán

Era véspera de Natal, por volta do ano 1950. Piedosas irmãs Carmelitas de São José, sob a orientação de sua superiora geral, Madre Paula do Divino Salvador, percorriam as residências na cidade de Izalco, em El Salvador. As boas freiras visitavam os presépios domésticos, cantando e rezando, para estimular os fiéis a receber com alegria o nascimento do Redentor.

Em um desses lares, muito pobre, chamou-lhes a atenção uma diminuta imagem do Menino Deus. Parecia esculpido em madrepérola, uma massa de origem coralina que se forma no fundo do mar. Não tinha grandes pretensões artísticas, mas sem dúvida despertava a atenção. Era realmente muito pequenino, e ao mesmo tempo encantador!

A família que o possuía narrou-lhes sua história. A imagem havia sido encontrada pelo filho nas rochas da praia de El Flor, em Acajutla, quando seu pai se encontrava pescando no mar. O jovem a guardou como seuMenino de Jesus maior tesouro, e todos os anos era por eles colocada no presépio, por ocasião do Natal.

Examinando-a de perto, as freiras ficaram encantadas com a imagenzinha. Após alguns rogos e súplicas, a família as autorizou a levá-la para a capela de seu convento, na cidade de Santa Tecla.

Ali, o Doce Menino Jesus de Belém – como se tornou conhecida a minúscula imagem – passou a exercer uma grande atração sobre o povo fiel. Ao longo dos anos a devoção se intensificou e o número de visitantes cresceu. Após minucioso exame, seu culto foi aprovado por Dom Luis Chávez y González, terceiro Arcebispo de San Salvador.

Quem visita hoje a capela do Colégio Belém, em Santa Tecla, pode encontrar o pequeno Menino Jesus, reclinado sobre um pitoresco arranjo, numa concha de ostra que lembra a origem de sua descoberta.

Àqueles que o visitam, o Menino Deus parece repetir estas palavras do Evangelho: “Em verdade vos digo, todo aquele que não receber o reino de Deus com a mentalidade de uma criança, nele não entrará” (Mc 10, 15).

(Revista Arautos do Evangelho, Dez/2008, n. 84, p. 36)

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